sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Hobbit - J. R. R. Tolkien

O Hobbit ou Lá e de Volta Outra Vez, para os mais íntimos  foi o primeiro livro narrado na Terra Média a ser publicado. Escrito pelo incomparável mestre da literatura fantástica, Sir John Ronald Reuel Tolkien, ou J. R. R. Tolkien, é um livro infanto-juvenil, publicado em 1937 e que fez sucesso muito antes de O Senhor dos Anéis.

"Em um buraco no chão vivia um hobbit..."

Bilbo Bolseiro é um hobbit comum, que vive desfrutando do inigualável conformo de sua toca, onde se alimenta com fartura e tem paz – vida desejável por qualquer um de sua espécie.

Num dia como outro qualquer, enquanto fumava com seu cachimbo na porta de sua toca, é desalentado pela chegada de Gandalf, o misterioso mago que costumava influenciar o lado Tûk de sua família a aventurar para locais distantes. O mago era sábio como poucos, e por meio de suas artimanhas sagazes, logo faz com que Bilbo fique numa enrascada inimaginável, quando 13 anões chegam de repente em sua casa, causando tremendo alvoroço e dando a certeza de que ele partiria numa jornada para loucos declarados, mesmo sendo aventura o que ele e toda sua raça repugnava e desprezava com fervor.

"A escuridão encheu toda a sala, o fogo se extinguiu, as sombras se perderam e, ainda assim, continuaram tocando. E, de repente, primeiro um, e depois outro, começaram a cantar enquanto tocavam, o canto grave dos anões das profundezas de seus antigos lares; e este é como um fragmento de sua canção, se é que pode ser como uma de suas canções sem a sua música.

Para além das montanhas nebulosas, frias,
Adentrando cavernas, calabouços cravados,
Devemos partir antes de o sol surgir,
Em busca do pálido ouro encantado."

A missão era simples: ele iria até a Montanha Solitária ajudar os 13 anões a retomá-la, sendo o lugar que antes fora um de seus maiores reinos, onde ainda se guarda muita riqueza em ouro, prata, diamante e diversas pedras preciosas. Mas Smaug, um poderoso dragão, dominou-a há centenas de anos. Um dos mais maquiavélicos dragões já encontrados na Terra Média, e o responsável, também, por expulsar toda a civilização que vivia em torno da Montanha, transformando o que antes era conhecido como O Vale em Desolação do Dragão. E dentro da Montanha ele vivia, protegendo o tesouro roubado com ferocidade.

A jornada antes de chegar a Montanha Solitária, no entanto, era muito longa e perigosa, e em meio aos incontáveis problemas, as aventuras tornaram-se algo memorável na vida do pacato hobbit, mas ele nunca deixa de admitir a falta que sentia de sua casa confortável. No caminho, Bilbo é moldado, esculpido pelas experiências e, por mais que não perceba de início, vê-se um tremendo aventureiro, a luz dos anões para alcançar novamente a almejada Montanha Solitária.

" O que ele tem no bolso?  Bilbo ouviu o chiado alto atrás de si e a água espirrando no momento em que Gollum saltou do barco. "O que será que eu tenho?", disse consigo mesmo, esfalfando-se e tropeçando no caminho. Colocou a mão esquerda no bolso. O anel estava muito frio quando escorregou em seu indicador tateante."

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Estava eu fazendo uma inspeção nos livros da biblioteca da escola, quando, não surtem!, encontrei O Hobbit, ainda em excelente estado  é realmente muito raro encontrar livros desse tipo em bibliotecas públicas. Felizmente não é a primeira vez que acontece algo assim comigo. No ano passado encontrei lá o volume único, com capa do filme, de O Senhor dos Anéis também bem conservado, e o li (neste ano não vi nem resquícios dele lá... imaginem o que deve ter acontecido. É fácil deduzir:  biblioteca pública, livro bom...). Enfim, eu fiquei muito alegre ao encontra-lo, então aproveitei a oportunidade para ler.

Antes da verdadeira resenha, eu não poderia deixar de citar, novamente, a frase que a tudo principiou! Pois "Em um buraco no chão vivia um hobbit..." parece uma frase tão insignificante que fico temeroso em dizer que dela nascera toda a ideia para a criação dos hobbits, seres que influenciaram deliberadamente em toda a obra de Tolkien, no entanto, conforme o próprio, é a verdade nua e crua. Confesso que desde que me tornei um verdadeiro fã de Tolkien, anseio por ler todos os livros dele. Mas foi com extrema facilidade que percebi o quão mais juvenil O Hobbit é se comparado a O Senhor dos Anéis, que é um livro bem mais complexo, com cenas e cenários fortes e minuciosamente descritos, além de vários personagens brandamente abordados.

Por meio de uma narrativa em terceira pessoa sob a perspectiva do protagonista, o Bilbo, Tolkien apresentou pela primeira vez o mundo que o consagrou. O narrador é onisciente, ou seja, que a tudo conhece, portanto acaba revelando a nós muitos resultados da história antes da real finalização dela. Esse é um aspecto irritante, mas que aponta com contundência que O Hobbit é mais para crianças, ou, segundo o que eu vi em algum outro site, para as crianças que vivem dentro dos adultos. Independente disso, é uma leitura agradável.

Apesar de bem mais infantil, como geralmente há nas obras de Tolkien, O Hobbit trás observações, ou lições como geralmente é dito. Nada ousado demais, mas que indiretamente nos incentiva a pensar em alguns contextos de nossa vida. Reparei mais naquilo que dizemos ser o 'sair da zona de conforto', tendo Bilbo como exemplo óbvio daquele que não reflete nas possibilidades de inovações, de buscar e conhecer coisas novas. O que certamente é muito simples, mas que eu vejo ser um verdadeiro impasse que abrange grande parte da sociedade, particularmente na época em que o livro foi publicado, embora muito válida para a atual também.

Infelizmente, por causa da aventura conter 15 personagens no total (13 anões, Bilbo e Gandalf) há um problema com relação a exploração deles. Bilbo, como protagonista, é bastante memorável, simples como é mas que desenvolve-se eficazmente com a história; Gandalf sempre é um personagem excelente, enigmático em suas atitudes, mas com boas finalidades em todas -- sou incontestavelmente um fã desse mago. Já os anões deixam muito a desejar, todos a mesma coisa, no máximo se particulariza um pouco de alguns deles em momentos específicos, mas nunca a todos e ainda com muita indiferença.

Atualmente, uma adaptação cinematográfica está sendo preparada para o livro, e há alguns dias vi a confirmação de que ele será dividido em três partes, a primeira com previsão para dezembro deste ano. Em minha opinião, não há a necessidade de prolongar tanto a história. Mas esperemos com fervor que esse tempo todo seja bem aproveitado e explorado.


  • Trailer oficial do filme legendado:



  • Outras capas no Brasil:


Acredito que seja o livro mais recomendado àqueles que querem conhecer J. R. R. Tolkien e possuem dificuldade de ler O Senhor dos Anéis por ser maçante e excessivamente descritivo. Com descrições menos sombria e um clima menos tenso, O Hobbit é uma excelente aventura, com diversão e um protagonista muito interessante e identificável, em alguns aspectos.

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