sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Temor do Sábio - Patrick Rothfuss

O Temor do Sábio é o segundo livro da trilogia A Crônica do Matador do Rei, a continuação de O Nome do Vento. Escrito pelo americano Patrick Rothfuss, é o segundo livro que compõe a carreira do autor e cuja crítica positiva qualquer um invejaria.

Aos que não leram a resenha do livro anterior a esse, sugiro que leiam-a: O Nome do Vento.

IMPORTANTE: àqueles que ainda não leram o segundo livro, fiquem despreocupados. As informações que passarei ao longo da resenha não ultrapassam muito (isso quer dizer que apenas detalho um pouco mais) as explicitadas na própria sinopse do livro. Porém, siga em frente por seu risco. Se sentir-se com receio, fique a vontade e pule o resumo da história e vá direto à minha opinião sobre o livro (não costumo fazer spoiler nessa parte da resenha).

“ – Lembre-se de que há três coisas que todo sábio teme: o mar em tormenta, uma noite sem luar e a ira de um homem gentil.”

Apesar de todos as dificuldades e problemas conquistados ao longo de sua vida, Kvothe atingiu um instante de calmaria na Universidade, e continuou a dedicar-se fervorosamente aos seus estudos nas várias disciplinas. Contudo, a discórdia entre ele e Ambrose, seu eterno rival, ainda crescia, e quando as coisas chegaram ao extremo, Kvothe foi recomendado a se ausentar da Universidade por algum tempo.

Por meio de seu amigo Threipe foi trabalhar para o maer, um dos homens mais importantes e ricos de toda Vintas, com esperanças de conseguir patrocínio para sua música. Em meio a corte que circundava seu patrão, vive várias aventuras inesperadas e que lhe foram muitíssimos úteis, caindo em cheio nas graças do homem.

“ – Sou o melhor músico que você jamais conhecerá ou verá de longe – retruquei, numa calma forçada. – E sou Edena Ruh até os ossos. Isso quer dizer que o meu sangue é vermelho. Quer dizer que respiro ar puro e vou aonde meu pés me levam. Não me encolho diante de títulos nem adulo servilmente como um cão. Isso parece orgulho a quem passou a vida inteira cultivando uma espinha dorsal flexível.”

Ao ser enviado pelo maer a uma missão junto a mercenários, conheceu Tempi, um ademriano  povo famoso por sua incomparável habilidade na luta. A conclusão da missão revelou-se promissora em vários aspectos, particularmente porque fora o caminho que o levara ao encontro de Feluriana  um ser Encantado que é uma lenda, o encanto da beleza e do sexo.

O encontro entre Kvothe e Feluriana, que inicialmente parecera medonho, tornou-se uma das melhores experiências de sua vida. Com Feluriana, teve sua primeira relação sexual e foi instruído por ela nos diversos métodos de prazer. Conheceu, também, várias curiosidades do mundo dos Encantados e, no fim, retornou são e salvo, sendo o primeiro e o único a fazê-lo.

Ao retornar, decidiu ir para Ademre com Tempi. Nesse país longínquo, deparou-se com uma cultura absolutamente distinta de tudo que já havia visto, mas curioso e ávido por aprender, esforçou-se ao máximo para se adequar ao lugar. Em Ademre, Kvothe é submetido a um intenso treinamento da Ketan  estilo de luta secreto dos ademrianos  e a frustantes ensinamentos sobre a Lethani.

Kvothe, sempre com a finalidade de aprender ao máximo sobre o Chandriano, o responsável pelo assassinato de toda sua família, acaba sendo frustado pela dificuldade imensa de se conseguir qualquer informação verossímil sobre essa fábula, mas ainda assim descobre algumas que poderão o auxiliar no resto de sua jornada.

O herói inicia verdadeiramente o processo que o tornaria protagonista de histórias miraculosas contadas em tabernas por todos os Quatro Cantos... e sua vida continua.

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Enfim concluí a leitura desse livro! No cômputo geral, minha leitura foi muito lenta se comparada com a avidez com que costumo devorar livros dessa qualidade. Mas terminei... e minha vontade agora é, simplesmente, de chorar, pois o terceiro livro, que completará a saga, ainda não tem data de lançamento prevista.

Apesar desse pormenor, resumamos O Temor do Sábio: Perfeição. Eu seria hipócrita se dissesse qualquer coisa contrária ou diferente. Apesar de às vezes desejarmos que algumas coisas aconteçam de outra maneira, a história de Kvothe é, em todos os sentidos, emocionante, envolvente e cativante demais para que nos sintamos pesarosos quando uma escolha do autor contradiz a nossa vontade de leitor.

Há, também, nessas obras do Patrick Rothfuss, uma essência tão emotiva que entorpece-nos. O clima da história é muito intenso na alegria e na tristeza, na graça e na desgraça. Logo no início, quando o protagonista ainda estava na Universidade, ocorre algo que envolve a personagem Auri e, pela primeira vez, chorei. Admito que não escorreu lágrimas de verdade, pois quando meus olhos ficaram cheios d'água eu me dei conta disso e comecei a rir da situação.

Mesmo sendo quase todo narrado em primeira pessoa, conhecemos de forma adequada todos os personagens que cercam o protagonista: Simmon com seu jeitão alegre e cativante; Willem como o amigo aparentemente indiferente; Auri, que desde o primeiro livro é uma personagem inesquecível, uma menina misteriosa e meiga  apaixonei-me definitivamente por ela; Devi, com uma inteligencia que rivaliza a do próprio protagonista; Tempi, Vashet e todos os ademrianos, particularmente chamativos por suas ideologias díspares. Não posso esquecer da enamorada do Kvothe, a Denna, uma menina encantadora que possui uma história obscura, com personalidade forte e indecifrável.

E, é claro, o próprio Kvothe. Que personagem magnífico! Inteligentíssimo, com uma memória quase infalível, conhecimentos de diversos assuntos, chama a atenção das mulheres, um cara quase perfeito, quase; por outro lado, desde pequeno ele demonstra ter uma série de imperfeições, com atitudes impulsivas, um orgulho gigantesco, além de ter a expressão "fazer mal a quem é mal" como forma literalmente integrante de sua vida. Em alguns momentos cheguei a ficar extremamente frustado com ele por algumas decisões e atitudes equivocadas. Contudo, ele passa por um grande desenvolvimento mental, deixando de ser um jovem inexperiente e iniciando o processo de tornar-se homem.

Neste livro, o encontro tão esperado de Kvothe com Feluriana acontece e, independente de tudo que eu disser, será completamente diferente do que for imaginado, além de sublimemente magnífico. Feluriana, o ser Encantado que incorpora a beleza feminina e o sexo, é descrita com minúcia; e é linda, encantada e encantadora. Kvothe é ensinado na arte do amor pela própria Feluriana, mas também aprende muito sobre os Encantados e até sobre ele mesmo.

Então vem Ademre, o país de onde origina-se os mercenários ademrianos, poderosíssimos lutadores. Assim como todo o resto, eu não esperava encontrar uma cultura tão esplêndida como a desse país é. Costumes tão estranhos, preceitos díspares, maneiras de agir e tudo o mais; eu gostei muito mesmo! Enquanto Kvothe estudava a Lethani, a filosofia desse povo, e aprendia a Ketan, que é a arte de luta, eu fiquei eufórico, pois em alguns momentos supunha entender algumas coisas primeiro que o Kvothe, mas quando era explanado mais sobre o assunto, via que eu tinha entendido tudo errado, portanto, eu quase nunca supero o Kvothe (e o invejo mesmo).

A narrativa do tio Patrick é literalmente épica. Acredito que não há necessidade de repetir que nos envolvemos intensamente na história com facilidade inacreditável, não é? Em O Temor do Sábio ele nos brinda com muitas informações pertinentes, interessantíssimas, mas em momento algum desvenda todos os segredos da vida de Kvothe. Tudo ainda flutua numa névoa de incertezas e dúvidas aos leitores.

Deixarei vocês com uma frase de efeito que me veio a mente enquanto eu filosofava passando aspirador de pó em casa:

"Preconceituosos são os que julgam essa obra infantil antes de lê-la. Tolos são os que mesmo após a leitura não reconhecem sua qualidade imensurável."

Infinitamente recomendado!

12 comentários:

  1. Olá Herick!
    Acho que no meu último comentário aqui no seu blog já deixei bem clara minha fascinação por "A Crônica do Rei Matador", então irei focar aqui em minha experiência com O Temor do Sábio.
    Como você mesmo falou acho que não é necessário falar o quanto esse livro consegue fazer com que nos envolvamos completamente em sua narrativa, na verdade acho que isso já pode ser considerado um pleonasmo. A Narrativa de Patrick e tão bela e misteriosa que é impossível não mergulhar completamente em sua escrita.
    Achei bastante interessante o fato de você ter falado que sua leitura foi lenta, já que o mesmo aconteceu comigo. Mas isso em momento nenhum isso quer dizer que a trama não nos prenda, pelo contrário. O Temor do Sábio, assim como O Nome do Vento, são livros que merecem ser inteiramente degustados. E quando encontramos um livro assim pode ter certeza que ele fará parte de uma das experiências literárias mais incríveis dentre muitos e muitos livros.
    Também sou completamente apaixonado por Auri, mas acredito que é impossível não se apaixonar pela personagem. Todos os outros personagens também são incríveis, casa um com sua particularidade. Não posso de deixar citar também Devi, que também é esplêndida.
    Agora só nos resta esperar pelo próximo, pelo épico final da saga do Matador do Rei e eu não poderia estar mais animado e ansioso! Abraço.

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  2. Muita gente já me indicou essa série, todos concordam com você quando você diz que a narrativa do autor é maravilhosa.
    Mas o que é ruim é que eu estou tentando desesperadamente fugir de séries e sem falar que os livros são enormes né? Não estou com tempo para mergulhar em uma série assim.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  3. Tenho curiosidade em ler esse livro, já ouvi tanto falar dele...
    Gostei muito de sua resenha, assim que puder, vou tentar conseguir o livro :)

    Beijos!

    PS: Também estou seguindo seu blog *--*

    Fernanda | Imaginação Literaria

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  4. Ainda não li o primeiro livro, então fiquei com medo de spoilers, mas já cansei de ver inúmeros elogios sobre a trilogia e estou ansiosa para lê-la
    Beijos,K.
    Girl Spoiled

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  5. Oi,

    tem selinho para você lá no blog:

    http://leianoescuro.blogspot.com.br/2012/07/selinho-1.html

    Beijos.

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  6. Oi Herick!
    Primeira vez por aqui e adorei seu blog!
    A resenha ficou muito boa! Quero ler esse livro faz um tempo, mas ainda não o comprei.
    Já estou seguindo aqui, e aproveito para te convidar a conhecer e seguir o Sook também.

    BjO
    http://the-sook.blogspot.com.br/

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  7. Olá Herick! Obrigada por seguir e curtir o meu blog! ^^
    gostei muito do seu! parabéns
    esse livro parece ser bem legal :)

    strawberrydelivrosefilmes.blogspot.com.br

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  8. Eu ainda não consegui começar a ler =(.
    Quero ver se este mês eu começo, sem falta. Não vejo a hora.

    Quanto à resenha: perfeita. Como sempre. Parabéns pelo trabalho. ^^
    Saudações.

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  9. Hey, já tinha visto essa série de livros no site da Arqueiro e em outro blog literário, super recomendando eles também,não sei quando irei ler eles, mas tenho uma baita vontade de tê-los, com certeza <3

    Beijos
    http://mon-autre.blogspot.com/

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  10. Eu estou começando a ficar muito curioso sobre essa série, todos falam maravilhas sobre ela e sempre acabam comparando-a com Harry Potter e Senhos dos Aneis, pessoalmente eu não fiquei muito interessado no enredo da série mas acho que vou acabar lendo-a para matar a minha curiosidade.
    Boa resenha.
    Abraços.

    http://viciadoemlivrosefilmes.blogspot.com/

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    Respostas
    1. Olá, Rodrigo.
      Bem, na minha condição de um leitor que realmente amou essa sério, só posso recomendá-la com todo o entusiasmo que tenho. Eu vi comparações com Harry Potter e Senhor dos Anéis mesmo, contudo, afirmo que de forma alguma esse livro é semelhante à eles. Tem uma diferença estrondosa entre a história e a personalidade de Kvothe e do Harry Potter, além das várias situações pelas quais eles passam que são completamente diferentes. Acredito que o autor dessa série foi muito mais perspicaz e ousado do que a autora de Harry Potter ao criarem, cada um, a obra que os elevou ao sucesso. Não pense o contrário: eu amo Harry Potter, mas não posso negar que a história de Kvothe é bem melhor.
      Com relação ao Senhor dos Anéis, eu não consigo encontrar nenhuma característica particularmente em comum entre essas duas obras. São escritas e narradas de forma excelentes, mas de maneira muito distinta uma da outra.
      Enfim, obrigado por vir aqui e comentar na resenha.
      Abraço.

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  11. Já ouvi muitas pessoas falarem bem sobre o livro e tenho uma grande vontade de lê-lo mas também soube que é muito grande e ultimamente não tenho tido muita paciência com livro grandes. Qualquer dia desses eu compro o meu e leio!
    Luciano Andrade.
    Terceira Página

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