O Trono do Sol é o primeiro livro da trilogia O Ciclo Nessântico, escrito pelo americano S. L. Farrell. O livro é muito bom, mas o fator que mais o promoveu, com plena certeza, foi a recomendação feita por George R. R. Martin na capa e contracapa.
"O Trono do Sol é o melhor de S. L. Farrell, uma mistura deliciosa de política, guerra, feitiçaria e religião em um mundo repleto de imaginação, povoado por um elenco de lordes arrogantes, manipuladores, mendigos, padres, hereges, fanáticos, espiões, assassinos, torturadores, e damas sedutoras. Eles são personagens vívidos e memoráveis, e a maioria pintados em tons de cinza, a minha cor favorita! Esta é uma visão onde a magia funciona. É um lugar fascinante, e que estou ansioso para visitar de novo." - George R. R. Martin
O livro começa apresentando a cidade que é centro da história: Nessântico, a cidade mulher, que ao longo dos séculos evoluiu, desenvolveu-se, tornou-se bela e que é ponto de referencia para várias outras. A cidade também carrega uma diversidade cultural e racial elevada, fazendo-a se moldar de maneira a aperfeiçoar-se. É a cidade que com o tempo controlou a sua vizinhança, que passou a chamar-se Os Domínios de Nessântico.
"Se uma cidade tivesse sexo, Nessântico seria mulher. (...)
Com o passar das décadas e dos lentos séculos, conforme o país que adotou o nome da cidade e tornou ainda mais influente; conforme os kralji viraram os reis senhores não só de Nessântico, mas de toda Il Trebbio (...)
Não havia cidade no mundo conhecido que pudesse rivalizar com ela.
Mas havia muitas que a invejavam."
Com o passar das décadas e dos lentos séculos, conforme o país que adotou o nome da cidade e tornou ainda mais influente; conforme os kralji viraram os reis senhores não só de Nessântico, mas de toda Il Trebbio (...)
Não havia cidade no mundo conhecido que pudesse rivalizar com ela.
Mas havia muitas que a invejavam."
Os costumes dessa tão esplêndida cidade estão sendo abalados pela chegada dos Numetodos, seita de pessoas que não acreditam na Fé da Concénzia — religião que reina n'Os Domínios — e ainda são capazes de utilizar do Ilmodo, o poder que só deveria ser alcançado pelos verdadeiramente fiéis a Cénzi, o deus adorado da Concénzia. Neste momento os religiosos fervorosos a religião sugerem condenar a morte todo aquele que pratica tal atrocidade contra sua divindade, enquanto outros sugerem conciliar sua religião a essas pessoas e, por meio disso, convertê-los.
Em meio a isso, Nessântico também está prestes a passar por outra drástica mudança, pois a atual governanta da cidade, a Kraljica Marguerite ca'Ludovici, já está idosa e pretende fazer seu jubileu e passar seu cargo tão importante a seu único filho, Justi ca'Mazzak.
Ana co'Seranta é uma acólita que busca receber sua Marca e tornar-se uma Téni — uma fiél da Concénzia testada no domínio do Ilmodo — e, dessa forma, ajudar sua família a se reestruturar em meio a todas as recentes perdas sofridas. Contudo é surpreendida quando sua vida muda espantosamente de um instante ao outro e acaba involuntariamente enredada na complexidade, corrupção e traição do meio político e religioso que envolve a alta patente de Nessântico. Ao receber a ordens diretas do líder da Concénzia, o Archigos Dhosti ca'Millac, e se ver forçada a adentrar pouco a pouco no contexto da iminente rebelião contra Nessântico que aproxima-se sorrateiramente. A Fé divide-se e a cidade que sempre fora maravilhosa ao olhar de todos, se vê assustadoramente ameaçada.
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Assim como eu disse no início, repito agora: confesso que fui muito influenciado pelo comentário do George na capa e contracapa do livro. É claro que antes de comprar eu pesquisei sobre ele para saber se realmente iria se encaixar no estilo de leitura que gosto, mas ainda assim fiz a compra meio no impulso. Entretanto, mesmo com tudo isso, acredito que valeu a pena.
S. L. Farrell criou um mundo muito interessante para quem gosta de literatura fantástica em especial, mas recomendável a todos que gostam de ler! Embora houvesse poder e magia em forma do Ilmodo, ele aplicou ao livro características marcantes da nossa sociedade, destacando-se com evidência a religião e a política. Colocou tudo num contexto adequado para iniciar a trama, onde há um conflito entre aqueles que seguem com tradicionalismo e religiosidade fervente a Cénzi, o deus supremo dos moitidis, e aqueles que querem adequar essa crença e fé a situação atual em que se encontrava o mundo.
Além disso, ainda havia outras características na história que motivam muito mais a leitura, focadas em determinados personagens; mas mesmo assim eu enrolei muito na leitura desse livro. Na realidade, eu nem sei exatamente o porque de não ter despertado em mim aquela vontade louca de devorar o livro, portanto, culpo aos dificílimos nomes para pronunciar. E confesso também que, mesmo após ter terminado a leitura, ainda pronuncio alguns nomes da maneira errada. Eu não gosto disso! Gosto de pronunciar os nomes do jeito certo, mas foi simplesmente impossível para mim: vários dos nomes possuem pronuncias completamente distintas da grafia e decorar tudo não é algo que eu tenho paciência de fazer. Exemplos como Archigos e Kraljiki que eu nunca consegui pronunciar da forma certa. O nome do comandante Sergei eu sempre lia errado e voltava atrás para corrigir — a pronuncia correta do nome dele é legal.
Um fator que fica explícito na leitura é a critica que o autor faz à igreja de modo geral — critica essa que concordo e discordo em vários pontos e tenho diversos argumentos para tal, mas se eu for apresentá-los iria escrever mais do que o necessário. Generalizando, ele sugere que a religião deveria se adequar drasticamente ao cotidiano e as inovações e 'descobertas' do ser humano. Mas na verdade a necessidade mesmo é que as religiões saibam interpretar de uma forma correta e única a Bíblia. Ir contra uma determinada parte dela por causa do rumo que segue a sociedade atual, mas continuar dizendo que a seguimos é a coisa mais hipócrita que se pode dizer, aliás, ou segue-a completamente ou ignora-a da mesma forma!
Enfim, mesmo com alguns pontos ruins para o leitor, O Trono do Sol foi uma ótima leitura para mim. Fiquei admirado com algumas mudanças que o autor fez em nomes genéricos como Matarh (mãe) e Vatarh (pai). Também tem a Toustour, que seria como a Bíblia no nosso contexto e a Divolonté, que de certa forma representam as interpretações e regras que cada religião faz de acordo com a Bíblia. Ele usou isso para vários outros termos, mas não tive dificuldades para saber o que cada um significava ao longo da leitura.
A história toda é muito boa, e desde o início, sem duvida alguma. Principalmente porque logo no começo o autor já dá sugestões de algo que nos intriga muito, mas acho melhor vocês lerem para saber.
Recomendadíssimo!