terça-feira, 5 de junho de 2012

Os Escolhidos - Alister McGrath

Os Escolhidos é o primeiro livro da trilogia As Crônicas de Aedyn, escrito por Alister McGrath, um famoso teólogo irlandês. Esta história infanto-juvenil é a primeira publicação literária do autor.

Os irmãos Pedro e Julia estão de viagem na casa de seus avós, onde passariam um tempo de descanso e esperariam a chegada de seu pai, que permanece ausente por causa de seu trabalho, mas que pretendia dizer-lhes algo importante assim que regressasse.

Julia logo se vê entediada na casa de seus avós, sem ter o que fazer e pensando, a todo instante, no quanto poderia estar aproveitando se estivesse na casa de uma de suas amigas. Pedro, o mais velho, acaba entretendo-se com os livros sobre histórias de guerras e navegações de seu avô.

Logo ao ver pela primeira vez o lindo jardim da casa de sua avó, Julia se espanta por sua beleza estonteante e o brilho sobrenatural que o envolve.

"Era uma maravilhosa noite do mês de maio. Uma luz prateada brilhava por entre as correntes de água da fonte no centro do jardim. O suave borbulhar da fonte ecoava nos muros, envolvendo o jardim em uma música suave. Ao lado da fonte havia um pequeno lago alimentado pela própria corrente d’água. Os muros estavam cobertos por árvores e trepadeiras. Macieiras, glicínias e magnólias estavam todas em flor, e o ar noturno misturava-se às suas fragrâncias. 
Era o jardim mais lindo que Júlia já tinha visto."

Mas nenhum deles estava preparado para a noite em que, por coincidência, os dois acabaram no jardim, com o brilho surreal em seu ápice de esplendor, onde involuntariamente foram levados, chamados de forma impulsiva a adentrarem num mundo completamente novo, mas irresistivelmente belo. 

Ali, numa ilha chamada Aedyn, os irmãos vivem aventuras estarrecedoras, experimentando e descobrindo coisas inteiramente novas. Todavia, eles chegaram no lugar num momento inoportuno: Aedyn estava sob o controle de um rígido e incontestável governo, já mantido há 500 anos pelos mesmos governantes: o Chacal, o Leopardo e o Lobo, que de maneira brutal condenou à escravidão toda a população.

No entanto, Pedro e Julia descobrem que na realidade o momento da chegada deles era algo esperado e ansiado por todo o povo da ilha há muitos anos. Uma profecia apontava para a vinda futura de dois forasteiros, que com suas habilidades, unidas aos quesitos de honestidade e coragem, iriam libertar o povo do jugo que os três governantes de Aedyn os condenou por 5 séculos inteiros. Só não foi dito aos escolhidos como eles executariam tal profecia, já que não possuíam nada que lhes daria vantagem numa guerra contra o Chacal, o Leopardo e o Lobo.

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Esta foi a primeira leitura que realmente me decepcionou.

Alister McGrath é muito famoso por ser um grande teólogo e por escrever ótimos livros relacionados a teologia de forma geral e ampla. Contudo, creio que falhou em sua primeira Literatura Fantástica. Eu pesquisei para saber se ele já havia escrito alguma outra literatura, mas não encontrei nada, então concluamos assim: Alister não se saiu muito bem em seu primeiro.

Vê-se de forma clara que o livro é muito no estilo de Nárnia, e isso é tão óbvio que em alguns momentos chega a dar comichão. A verdade é que eu sou completamente apaixonado pela obra do C. S. Lewis, fico estarrecido até hoje quando lembro da história e vejo como o autor conseguiu criar um mundo tão lindo e bem estruturado, encaixando o conteúdo bíblico tão naturalmente, sem forçá-lo. Mas se isso foi o que McGrath tentou fazer, ele falhou. Gostaria mesmo de poder dizer o contrário, mas a verdade é dura e necessária.

Alister McGrath importunou-me excepcionalmente durante a leitura ao tentar forçar tanto o conteúdo cristão em seu livro em determinados capítulos. Em alguns instantes a leitura fica tão monótona, sem nexo, com muito pouco ou nada extraordinário em forma de princípio a ser apresentado. Vemos em Nárnia a qualidade e grandiosidade dos princípios retirados da Bíblia que Lewis incorpora na história, mas esses princípios em As Crônicas de Aedyn são manifestados ineficazmente, sem expressão de importância mesmo dentro da própria história.

Apenas posso elogiar Alister McGrath pela iniciativa de escrever um livro dessa magnitude, que se bem escrito poderia alcançar patamares inimagináveis, e por algumas de suas descrições. Apesar da linguagem simples, Alister me deixou curioso com algumas descrições, dando ênfase prioritariamente ao jardim mágico. Não é nada comparado a J. R. R. Tolkien ou George R. R. Martin, nem de longe, mas eu gostei dessas descrições em particular. Confesso, também, que houve um momento que me chamou bastante atenção: o prólogo. De alguma forma eu me vi bastante interessado pela história ao ler o prólogo do livro, mas como já fiz salientar, todo o resto é desapontante.

E o pior de tudo é a nossa terrível, horrível e amedrontadora edição brasileira. Ah, meu Deus! Eu fiquei espantando com a quantidade de gafes ortográficas, mas principalmente erros de digitação, que são muitos e muitos! Com relação, também, a separação da falas dos personagens e a narração. Acredito que se déssemos o livro para alguma criança ler  que é o objetivo dessa leitura  ela poderia se confundir em vários momentos. Eu mesmo tive que voltar algumas vezes para identificar e separar fala de narração. Existem partes em que há a fala, uma vírgula e a narração, tudo na mesma linha e sem o travessão. E ainda haviam linhas em que fala e narração se encontravam sem nenhum tipo de sinal para separar, nem a bendita vírgula! Isso acontece com maior frequência nos primeiros capítulos, do meio para frente é mais raro encontrar; mas admitamos o péssimo trabalho feito pela editora que o traduziu. Eu acredito que não fizeram revisão  nenhuma mesmo, sem exagerar.

Apesar de tudo isso, me comprometerei em comprar e ler os dois próximos livros dessa trilogia. Acredito  e espero  que o autor tenha recebido algumas críticas de pessoas mais próximas e cuja opinião chega ao conhecimento dele, e por isso creio que ele possa melhorar nos livros que sucederão Os Escolhidos e fazer da sua ideia para a criação deste mundo algo muito mais agradável de se ler.

 Recomento aos evangélicos que gostam de Literatura Fantástica. É necessário investir nisso!

7 comentários:

  1. Hahahaha! Herick, realmente adorei a resenha!
    Você não só não me deixou com a minima vontade de ler o livro, como também me deixou com raiva! Não sei se é essa a sua ideia, mas como um amigo meu diz 'se cria emoções, é porque é intenso', então eu acredito que sua resenha é, no mínimo, intensa!
    Confesso que virei atras das resenhas dos proximos volumes, se ele te convencer, mesmo depois dessas criticas, com certeza vale a pena comprar! =D
    Parabéns! Estou preparando uma resenha de um livro que eu não gostei, e realmente espero que fique algo parecido com a sua! =D
    Beeijo
    Lígia
    http://way-2happiness.blogspot.com.br/

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    1. hahaha Eu ri muito lendo seu comentário, Ligia! Muito mesmo! xD
      Eu confesso que escreve essa resenha com pesar... Não gostaria de desincentivar as pessoas de lerem este livro, de certa forma, mas aqui eu tentei mostrar tudo o que achei do livro de verdade... E infelizmente foi essa coisa ruim.
      Como eu disse na resenha, gosto da iniciativa do autor, e reafirmando, já que você disse: espero que nos próximos volumes ele venha com a história toda aperfeiçoada.
      Bem, vejamos e esperemos...
      Obrigado por comentar e continue vindo. É muito vem vinda! xD Assim que os volumes seguintes forem publicados no Brasil, comprarei-os e escreverei resenha deles também.
      Novamente, agradeço por comentar.
      Abraço.

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  2. Meu amigo, depois dessa resenha, eu me tornei seu fã. Haha. Lendo a sinopse do livro eu já comecei a pensar: Ei! Isto é Nárnia.
    Vi o livro para comprar na Livraria Curitiba. Achei a capa muito bonita, mas me pareceu que seria somente isto. E, pelo que você escreveu, era mesmo.
    Ainda bem que não gastei meu precioso dinheiro com isto.

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    1. hahahaha Esse povo é muito cruel mesmo... Eu ri demais! Além de também estar com um pouco de dó do Alister agora. õ/ Mas, ok, que bom que tenha gostado.
      Infelizmente a beleza do livro para aí mesmo: na capa. Fico triste, mas é uma realidade...
      Assim que os próximos forem traduzidos, eu os comprarei e resenharei. Quem sabe isso não muda, não é?
      Enfim, que bom que tenha gostado da resenha (lol por eu ter esculachado o cara? haha).

      Abraço.

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    2. Gostei porque foi muito bem argumentada e muito bem escrita. Mas principalmente porque falou o que realmente pensou do livro. 95% dos blogs que visito, os resenhistas parecem ter medo de desagradar os leitores.

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  3. A capa e seu resumo do livro nos passam a ideia de uma estória repleta de aventuras, emoções e batalhas, mas quando li sua opinião toda a vontade de ler o livro foi-se por àgua abaixo.
    É triste quando surgem livros assim, que a ideia é incrível, mas que foi mal projetado, mal desenvolvido... e o pior, que tenha uma péssima revisão, li um livro assim recentemente, que a ideia era ótima, mas o enredo ruim. Sem contar a revisão do livro, aconteceu a mesma coisa que com você, falas e narração misturadas, texto sem coerência, sem nexo...

    Gostei da sinceridade da sua resenha, acho essencial isso em um blog literário!
    Ah, gostei também da fonte que utilizou no topo do blog, ficou bem característica e combinou com o nome do blog.


    Um beijo, bom final de semana,
    E obrigada por visitar meu blog.
    Letícia
    Animus Book

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    1. Olá, Letícia!
      Fico muito feliz por você ter vindo e comentando no meu bloguezinho... haha

      Pois é, esse tipo de coisa é mesmo decepcionante. Ver que aquilo poderia ter potencial, mas que foi muito mal aproveitado, desenvolvido e, ainda, revisado textualmente. Esses erros são terríveis!

      Que bom que tenha gostado da fonte que usei... Ainda estou aprendendo usar essas coisas do blog, quero melhorar mais o designer e o layout, mas o tempo é meio corrido.

      Novamente, agradeço por ter vindo aqui em meu blog!
      Visitarei o seu com maior frequência agora que o conheci.
      Abração e até a próxima!

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